El País, o grande jornal espanhol, publicou em seu caderno econômico do último domingo,um interessante comentário da jornalista Alícia González, sobre a situação financeira dos bancos, nos países lideres do sistema capitalista, todos afetados pela profunda crise atual. O título do comentário, ao abordar as possíveis saídas para a crise bancária atualmente, faz uma referência jocosa ao conhecido filme de Sérgio Leone, um dos chamados “faroeste spaghetti” no qual brilhou Clint Eastwood, ainda em início de carreira. Comenta Alícia González: “Se atendermos à tese que perturba o mundo econômico, a partir de agora podemos começar a dividir as entidades financeiras em bancos bons, bancos maus e uma espécie de grande entidade mista – de colaboração publica e privada ainda por definir – que assumiria todos os ativos tóxicos, ou feios, do sistema. O certo é que apesar dos bilhões que os governos de todo o mundo injetaram em seus bancos, os investidores seguem sem confiar em que as contas refletem a situação real das entidades bancárias. A solução, explicam economistas e políticos, passa por retirar os ativos com problemas, denominados tóxicos, dos balanços dos bancos. Dessa forma, o crédito voltaria a circular com fluidez e se assentariam, assim, as bases de uma recuperação econômica. Algo aparentemente simples, porém não isento de problemas. Uma opção passa por dividir cada banco com problemas em dois: um que fique com os ativos maus e outro com os ativos bons. Essa medida, advertem economistas, tem troco, porque obriga a dividir o passivo (depósitos) entre duas entidades e com isso castigar a uns clientes (os que tenham seu passivo associado ao banco ruim) e premiar outros (os que ficam no banco bom). Outra versão do mesmo modelo é que os fundos para o banco mau sejam postos pelo governo, mediante a compra dos ativos tóxicos ou ampliações do capital, como fez o UBS com apoio do governo suíço. Em ambos os casos, o principal obstáculo reside em como seriam valorizados os ativos tóxicos. Se é feito ao preço atual de mercado, obrigaria a uma provisão imediata do banco, e portanto o objetivo final da operação não teria sentido. Se é feito ao valor que tem no balanço, isso se traduziria em generoso presente para os acionistas do banco às custas do erário público. Há um segundo modelo que vai ganhando peso: a criação de um banco “feio” que “colecione” os ativos tóxicos dos bancos com problemas. O capital seria fornecido pelo Tesouro e pelo Banco Central, com poderes quase ilimitados em situações de emergência. Este modelo não soluciona o problema da valorização dos ativos e somente funciona se pode separar-se claramente os ativos sãos dos ativos tóxicos. E isso não é assim tão fácil. Ativos como dívida colateral pareciam seguros ao estalar a crise subprime, e agora não são mais. As autoridades dos Estados Unidos querem que o setor privado participe desse modelo, ainda que todavia não definiram como. Uma fórmula seria criar fundos de inversão que administrariam os ativos tóxicos, em troca de algum tipo de aportação de capital dos gestores privados. Isso permitiria recuperar parte do dinheiro público. Algum dia.”